FRASES DO DIA


“A ciência sem religião é manca; a religião sem ciência é cega”. – Albert Einstein.

"É muita impertinência querer adivinhar o que é Deus, e muita ousadia querer negar o que Ele é". – Platão.

"A falsa ciência gera ateus; a verdadeira ciência leva os homens a se curvar diante da divindade". – Voltaire.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Princípio do Dia Profético


Vários teólogos judeus e gentios através dos tempos aplicaram o princípio do dia profético às setenta semanas de Daniel 9. Dentre este grupo de estudiosos, tem-se o hebreu Rashi (1040-1105 d.C.), que traduziu Daniel 8:14 da seguinte maneira: "E ele disse-me: Até 2300 anos". Esse princípio tem sido reconhecido e aceito em todo o mundo durante séculos. Não é uma inovação adventista como se sugere.

  • Qual é a base bíblica para dizer que 2300 dias são na verdade 2300 anos?

O texto de Números 14:34: "... quarenta dias, cada dia representando um ano", e, Ezequiel 4:4-7 que diz: "... Quarenta dias te dei, cada dia por um ano."

O Antigo Testamento demonstra outras relações entre as palavras dia e ano. Em alguns casos, embora as traduções usem a palavra "ano", no original hebraico encontra-se a palavra "dia". Exemplos:

"Portanto, guardarás esta ordenança no determinado tempo, de ano em ano." (Êxodo 13:10) - Todavia, no original está escrito: "de dias em dias".

"E todo o tempo que Davi permaneceu na terra dos filisteus foi um ano e quatro meses." (I Samuel 27:7 cf I Samuel 2:19 e I Samuel 1:21) - Mas, no texto original tem-se: "dias e quatro meses".

Em hebraico a palavra comum para ano é שׂנה (shanah, pl. שנה - shaneh), porém, nestes versos a palavra "dias" (יום - yowm) é usada demonstrando uma ligação direta e representativa de "ano".

  • E como podemos ter a certeza de que esse princípio deve ser aplicado aos períodos de tempo mencionados nas profecias de Daniel, como as do capítulo 9?

Daniel capítulo 9 declara que "desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém até o Ungido", se passaria sessenta e nove semanas. A ordem para essa edificação se deu em 457 a.C., isso significa que a partir dela até o Ungido (batismo de Jesus Cristo, 27 d.C) se passaria 483 anos, e profeticamente, isso corresponde exatamente a 69 semanas.




Se fossemos aplicar a contagem de que 69 semanas literalmente como 483 dias, isso equivaleria a "1 ano, 4 meses e 3 dias", e consequentemente teríamos que aceitar que esse seria o intervalo de tempo que abrange "desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém até o Ungido". Esse procedimento de contagem literal é totalmente impróprio, tornando a profecia sem fundamento histórico e bíblico. O princípio do dia profético precisa ser aplicado a esta profecia, ou a mesma torna-se sem sentido.



E, se o princípio do dia profético funciona para uma parte da profecia, não seria lógico que fosse usado com sucesso na outra parte também?



Não apenas lógico, mas, extremamente necessário. Aplicando o princípio do dia profético às 70 semanas, temos 490 anos, ou seja, 176.400 dias. Como poderíamos separar 176.400 dias de 2.300 dias? Impossível! A única maneira das 70 semanas serem separadas ou cortadas é aplicando o princípio do dia profético também aos 2.300 dias. De outra forma, seria como tentar medir dois metros em três centímetros.

  • Existem outras provas a favor da aplicação do dia profético aos 2.300 dias?

Daniel 8:13 diz: "... Até quando durará a visão do sacrifício diário e da transgressão assoladora, visão na qual é entregue o santuário e o exército, a fim de serem pisados?"

Observa-se que Daniel 8:13 da ênfase com relação ao término dos eventos que ocorrem no período de 2300 dias. A palavra visão, חזון (chazown), refere-se nesse contexto a revelação, visão profética e abrange os acontecimentos preditos em sua totalidade, dentre eles: A entrega do santuário e seu sacrifício diário, a transgressão assoladora, perseguição aos filhos do Altíssimo, mudança na Lei de Deus e, etc (cf Daniel 7:25). A pergunta feita no verso diz respeito ao término - "até quando" - de tudo que foi descrito na visão (חזון - chazown). E a resposta foi: "Até 2300 tardes e manhãs"; que correspondem a 2300 dias, e que profeticamente representam 2300 anos.



A profecia dos 2300 anos abrange o período dos impérios Babilônico, Medo-Persa, Grego e Romano. Se fossemos nos basear que 2300 dias não correspondem a 2300 anos, isso significaria que 2300 dias equivalem literalmente a 6 anos, 3 meses e 20 dias. Como poderia esta contagem de tempo, literal, incluir esses impérios descritos na profecia? Inconcebível. Só o império Medo-Persa durou de 539 a 331 a.C., somente essa nação, sem contar a Babilônica, Grega e Romana, teve 208 anos de existência, muito tempo para encaixar-se em apenas 6 anos. Portanto, necessariamente tem-se que usar o princípio profético, com o qual a profecia cobre mais de dois milênios, tempo suficiente para abranger todos os impérios e eventos relatados por Daniel.



Outro fato a ser considerado: Embora a profecia comece com nações que existiram há milhares de anos, foi dito a Daniel que a visão se estenderia até o "tempo do fim" (cf Daniel 12:4)1. Como poderia o período de 6 anos cobrir todos os eventos até o até o "tempo do fim". Sem o dia profético, a profecia não poderia estender-se tanto. Também neste caso, o dia profético aplicado na proporção "1 dia para cada 1 ano" revela-se valido, preciso e coerente.

UM TEMPO, DOIS TEMPOS E METADE DE TEMPO

"Proferirá palavras contra o Altíssimo, magoará os santos do Altíssimo e cuidará em mudar os tempos e a lei; e os santos lhe serão entregues nas mãos, por um tempo, dois tempos e metade de um tempo." (Daniel 7:25)

Em Daniel capítulo 7 é citado um poder que é representado por um "chifre pequeno" e este reinou de forma soberana entre as nações. Ele é o mais detalhado, e o motivo para isso é apontado no verso 25.



Após o fim do Império Romano Ocidental, em 476 d.C, sua instituição religiosa permaneceu atuante. E, em 538 d.C., entra em vigor o decreto do imperador romano Justiniano declarando que o bispo de Roma deveria ser reconhecido como o líder da "Santa Igreja", e assim, a Igreja Católica Apostólica Romana além de elevar seu poder religioso recebeu poderes políticos.



Daniel descreve que a Igreja de Roma (ICAR) representada pelo "chifre pequeno" teria domínio por "um tempo, dois tempos e metade de um tempo." (Daniel 7:25). "Um tempo" (עדן - 'iddan) equivale a "360 dias" e a somatória de "um tempo, dois tempos e metade de um tempo" resulta em "1260 dias". E, pelo princípio do dia profético, correspondem a "1260 anos". Portanto segundo a profecia de Daniel 7:25 o período de supremacia religiosa e política da Igreja de Roma seria de 1260 anos. Período este em que ela dominou reinos e reis, e impôs seus ensinos doutrinários de forma ferrenha.






Contando 1260 anos a partir de 538 d.C., chega-se a 1798 d.C. E os registros históricos descrevem que em fevereiro de 1798, sob a alegação de insulto ao embaixador francês na Itália, Louis Alexandre Berthier, general das Forças Revolucionárias Francesas e chefe do Estado maior de Napoleão invadiu Roma, e em 20 de fevereiro o Papa Pio VI foi aprisionado. O anel que indicava sua autoridade lhe foi retirado; sua propriedade foi confiscada e vendida; o "Estado Papal" foi abolido e Roma foi declarada república. O Papa foi levado para a França, onde morreu preso em Valença no dia 29 de agosto de 1799. Esse episódio pôs fim ao longo período de supremacia do bispo de Roma.



E se o princípio do dia profético não fosse aplicado? Nesse caso os "1260 dias" seriam calculados de forma literal e resultariam em "3 anos e 6 meses". Como seria possível o poder da Igreja de Roma representado pelo "chifre pequeno" desenvolver todos os eventos descritos nas profecias em um período ínfimo?



Enfatizando que a supremacia desse poder religioso se estenderia até o "tempo do fim"2, quando Deus Se assentou para julgar e definir o Seu reino (Daniel 7:26-27 cf Daniel 7:8-9; Apocalipse 14:6-7). O capítulo 13 de Apocalipse descreve, também, a maneira como a Igreja de Roma atuou e atua contra Deus e seus filhos e, o seu tempo de hegemonia política e religiosa:

"Foi-lhe dada uma boca que proferia arrogâncias e blasfêmias e autoridade para agir quarenta e dois meses; e abriu a boca em blasfêmias contra Deus, para lhe difamar o nome e difamar o tabernáculo, a saber, os que habitam no céu." (Apocalipse 13:5-6)

Nota-se à semelhança de Daniel, como João utiliza de linguagem profética para descrever o tempo de domínio imposto pela Igreja de Roma ao mencionar 42 meses. Levando em consideração que cada mês possui "30 dias" temos: 42 meses x 30 dias = 1260 dias. E, pelo princípio do dia profético, "um dia" correspondendo a "um ano", temos que 42 meses equivalem a 1260 anos. O mesmo período descrito em Daniel 7:25. Será que a Igreja de Roma (ICAR), literalmente, teve domínio político e religioso somente por 42 meses (3 anos e 6 meses)? De modo algum.



As profecias descritas nos capítulos 7, 8 e 9 de Daniel perdem sentido, tornam-se ilógicas caso não haja a aplicação do princípio do dia profético demonstrado pela Bíblia. "3 anos e 6 meses" não são suficientes para estender-se da fase inicial de "Roma Papal" (538 d.C.) até o seu término, o "tempo do fim" (1798 d.C.).



O capítulo 7 do livro de Daniel está cheio de símbolos: um leão, um urso, um leopardo com asas, chifres que falam, todos simbolizando coisas diferentes. E em meio a tantos símbolos, por que somente as descrições de tempo seriam literais? Especialmente quando se analisa o fator tempo sendo enunciado de maneira tão estranha?



Daniel capítulo 8 também é uma visão com imagens simbólicas. Não é uma profecia sobre animais, assim como Daniel 7 não o é. São eventos proféticos que descrevem a história da humanidade. Não seria de se esperar que o fator tempo apresentado nesses capítulos também fosse simbólico, em vez de literal? Além do mais, "tardes e manhãs" (ערב - arab e בקר - boqer) não é maneira comum de descrever dias. A palavra típica para dias na Bíblia é יום (yowm).



Não seria mais simples ter dito: "Até seis anos, três meses e vinte dias, e o santuário será purificado", em vez de "2300 tardes e manhãs"? O verso de Daniel 8:14 não traz a forma típica de indicar o tempo. Em II Samuel 5:5, por exemplo, é dito que o rei "reinou sobre Judá sete anos e seis meses", e não 2700 dias. Até mesmo as setenta semanas de Daniel não são uma forma comum de expressar tempo.



A razão para tudo isto é que o Senhor não Se referiu a tempo literal, e usou esses números e unidades de tempo "simbólicos" para mostrar aos estudiosos da Bíblia que estava a falar de tempo profético, e não literal. Claramente, muitas evidências comprovam a validade do dia profético nos capítulos 7, 8 e 9 do livro de Daniel. Eles simplesmente perdem o sentido sem o uso desse princípio.






Texto proveniente e adaptado do artigo: "O Princípio do Dia Profético", Revista Adventista, (Março, 1999), p. 32-33.